Você já deve ter visto uma cena deste tipo: a pessoa quer ser promovida no trabalho, mas ao ver um colega fazendo algo errado ela não se segura e vai contar para o superior, e acaba falando mal do companheiro de trabalho. Ou então vive mandando brincadeiras do tipo “Viva, sexta-feira chegou” ou “Odeio segunda-feira” no grupo do WhatsApp da empresa .

Ou então a pessoa quer conseguir patrocínios para seus projetos, mas vive falando mal das empresas e do capitalismo em geral em suas postagens do Facebook.

Ou ainda alguém que quer demitir um funcionário de ‘pavio curto’ para evitar tensões e problemas de comportamento para a empresa, mas na reunião de demissão joga na cara da pessoa todos os problemas que ela causou na empresa de forma rude, usando toda raiva acumulada no processo.

Estes são exemplos bem corriqueiros da falta de pensamento estratégico. Afinal, como eu quero ser promovido se passo a mensagem de que odeio trabalhar? Ou como quero conseguir patrocínio, se passo a mensagem de que desprezo o patrocinador? Ou ainda, como quero que o funcionário saia da empresa de forma tranquila, sem causar maiores problemas, se eu o ataco emocionalmente?

O pensamento estratégico

A definição de qualquer tipo de estratégica nasce primeiro do pensamento estratégico. Este é o pensamento que consegue olhar para uma situação, ver quais são as variáveis que estão em jogo, analisar qual é o objetivo a ser atingido e a partir dessa base define qual o melhor caminho a fazer para atingi-lo.

O exemplo clássico é o do jogador de xadrez que objetiva ganhar o jogo e analisa todos os possíveis movimentos de seu oponente para se antecipar a eles.

Desta forma, se o objetivo é o de que o funcionário de ‘pavio curto’ saia da empresa de forma tranquila sem causar maiores problemas, talvez a melhor forma de demiti-lo seja sem enfrentamento nenhum. Talvez seja até interessante ressaltar o que ele fez de positivo e desejar sucesso em sua futura carreira. Mesmo que seu instinto emocional diga outra coisa.

A ideia é a de manter o foco no objetivo final e criar a melhor estratégia para atingi-lo.

Será que os fins justificam os meios?

Se fizermos uma simplificação do processo de manter foco no objetivo final e criar a melhor estratégia para atingi-lo, podemos chegar a métodos eticamente questionáveis para isso. Essa é a famosa ideia de maquiavélica, de que os fins justificam os meios.

Então, para que seus valores não sejam atropelados no caminho, é importante que seu pensamento estratégico nasça a partir deles. É por isso que é tão importante termos claros não só os nossos valores pessoais como também os de nossa empresa. Afinal, apesar do pensamento estratégico ter o resultado desejado como foco, não é todo caminho que serve para levar a ele.

Esse foi um dos grandes problemas das grandes corporações no último século. Ao manter um foco cego na geração de lucro para os acionistas, qualquer estratégia era válida, mesmo que significasse destruir o meio ambiente ou explorar seres humanos e animais.

Então sempre que for criar uma estratégica, seja para sua vida ou seus negócios, tenha em mente sua ética e valores.

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O que é estratégia nos negócios?

Segundo Kenneth Andrews, “estratégia é o padrão de decisões em uma empresa que determina e revela seus objetivos, propósitos e metas, produz as principais políticas e planos para atingir essas metas, e define o escopo de negócios que a empresa irá perseguir, o tipo de organização econômica e humana que é ou intenciona ser, e a natureza da contribuição econômica e não-econômica que pretende fazer aos seus acionistas, empregados, clientes e comunidades”.

Gosto dessa definição, pois ela nasce dos ‘objetivos, propósitos e metas’, ou seja da missão e visão daquele negócio. Ela deriva as ‘políticas e planos’, ou seja, os valores, processos e práticas da organização. E define como a empresa cria valor para um determinado mercado.

Desta forma, a missão, visão e valores da empresa são um posicionamento que gera uma espécie de estratégia mestra, que vai guiar todas as iniciativas da empresa.

Posicionamento Competitivo de Valor

O desafio do estrategista é portanto criar um posicionamento competitivo de valor para empresa. E isso pode ser feito analisando profundamente quais são os valores da empresa, quais são suas capacidades e quais são as oportunidades de mercado. Na intersecção destas áreas está o seu posicionamento.

As famosas estratégias de diferenciação devem portanto nascer com base nisso, de forma a estarem alinhadas ao centro da empresa.

Dentro disso, elas podem ser entre outras, estratégias mutuamente excludentes de custo ou de geração de valor, como Michael Porter sugere. Ou ainda de custo com geração de valor como sugere a estratégia do Oceano Azul.

Ferramentas de Diagnóstico

Para definir uma estratégia, eu disse que é necessário conhecer quais são as variáveis em questão. Sugeri inclusive a ideia de que é preciso conhecer nossos valores, capacidades e quais são as oportunidades. Mas como fazer isso?

Para fazer qualquer análise é preciso de dados e é por isso que no trabalho estratégico existe um leque de ferramentas à disposição com ferramentas de análise interna, externa e da relação entre as partes.

Abaixo eu faço uma lista delas e nas próximas semanas irei criar posts específicos para cada, para que você entenda o que são e como aplicá-las ao seu negócio.

– Matriz SWOT
– Análise de Concorrência
– As 5 Forças de Porter
– Análise PEST ou PESTE (de Ambiente)
– Matriz de Ansoff
– Diagrama de Ishkawa
– E mais…

Ferramentas de Estratégia

Além disso, existem uma série de outras ferramentas que trabalham o pensamento estratégico. Desde aquelas para trabalhar a geração de ideias, como as que servem para ajudar no pensamento e análise de algo, como ainda tipos específicos de estratégias que já foram estudados, aplicados até transformados em metodologias.

Abaixo eu faço uma lista delas e nas próximas semanas irei criar posts específicos para cada uma, para que você entenda o que são e como aplicá-las ao seu negócio.

– Metodologia Customer Development ou Desenvolvimento de Clientes
– Metodologia Lean Startup ou Startup Enxuta
– Design Thinking
– Business Model Generation ou Geração de Modelo de Negócios
– Estratégia do Oceano Azul
– Estratégia da Cauda Longa
– Estratégia de Cruzar o Abismo
– Desenvolvimento Ágil
– Entre outras…

Como implementar uma estratégia

A ferramenta para implementação de estratégias que mais aprecio vem do lean thinking ou pensamento enxuto criado na Toyota e se chama Hoshin Kanri e pode ser lido como ‘planejamento para um objetivo’ ou ‘luz guia’.

O planejamento da estratégia nesse método começa com a análise das competências e propósitos da empresa. Em seguida, vai analisar qual é sua missão para servir um mercado. Depois vai traças objetivos claros.

Para realizar tudo isso é definida uma estratégia, metas mensuráveis e táticas relevantes. E tudo isso vai resultar em um conjunto de ações que devem ser colocadas em prática por toda a empresa.

Para ser bem sucedida essa implementação precisa de alinhamento, ou seja, precisa ser integrada verticalmente entre as partes, coordenada horizontalmente e constantemente otimizada em cada unidade.

Se você deseja saber como colocar isso em prática, fique de olho pois farei um post específico ensinando o método nas próximas semanas.

Estratégia em Camadas

Do meu ponto de vista, a melhor forma de implementar estratégias em micro e pequenas empresas é trabalhando em camadas.

Quando criamos a estratégia, ela precisa ser pensada em uma camada de curto prazo, muito clara e objetiva. Uma outra camada de médio prazo que deve ter suas diretrizes apenas esboçadas. E uma última camada de longo prazo que deve ter apenas sua visão traçada.

Acredito nisso, pois a ideia de que nenhum plano sobrevive ao campo de batalhas é mais do que verdadeira. Então não vejo motivos para gastar muito tempo na criação de planos de longo prazo quando a probabilidade de haverem mudanças significativas no caminho é altíssima.

É preciso então ter uma mentalidade de planejamento, ação, revisão e redirecionamento. Que pode ser atingida através do famoso PDCA.

P = Plan (Planejamento)
D = Do (Fazer)
C = Check (Checagem ou Revisão)
A = Act (Agir ou Redirecionar)

É apenas através desse processo iterativo que conseguimos manter agilidade em relação ao mercado, algo que é tão fundamental para a sobrevivência de micro e pequenas empresas. Vamos definindo, colocando em prática e testando e realinhando quando necessário.

Comprometimento

Para que um planejamento realmente vire realidade é preciso criar formas de manter todas as partes responsáveis por colocar em prática suas ações.

Isso é feito com o alinhamento e compreensão da missão e dos objetivos a serem alcançados. E com a checagem periódica do andamento das coisas.

Quando isso não é feito, a procrastinação acaba ganhando e nada é realizado de verdade, ou pior, as coisas acabam sendo mal feitas e muitas vezes a culpa é colocada na estratégia, quando o problema na verdade foi a execução.

Em Resumo

Em resumo, minha recomendação é que antes de sair agindo emocionalmente ou sem analisar as variáveis e os objetivos, que você pare um momento e tente pensar estrategicamente nas decisões do seu negócio. Esse é um hábito que se desenvolve e que se melhora com o tempo.

Espero que não se sinta sobrecarregado com o excesso de informação. Se tudo isso é novo para você, escolha uma parte da história e comece a aplicar hoje em seu negócio e melhore a partir daí. é melhor fazer apenas um pedaço, do que se sentir exacerbado, jogar tudo para o alto e não fazer nada.

E não esqueça de me contar nos comentários se esse conteúdo foi útil para você. É assim que descubro como te ajudar melhor.

beijo grande e sucesso na sua estratégia!